sábado, 18 de dezembro de 2010

love, love, love.

É forte, infinito, mágico. É algo que desafia as leis da inércia, da gravitação universal, da conservação da energia e do caralho à quatro. É algo capaz de quebrar pontes de hidrogênio, de desafiar a gravidade e de extinguir quilômetros de distância.

Contradição, dualidade, paradoxo. Sorrisos tristes, lágrimas felizes. Sofrimento prazeroso, alegria dolorida. Tudo, nada.

Você se machuca? Eu caio junto. E então o meu peito doi tanto quanto o seu. Você ri? Eu esqueço dos meus próprios pesadelos. E então meu coração ascende tanto quanto o seu. Porque eu não preciso de você; eu só preciso da sua felicidade.

E que foda-se o resto.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

como NÃO consolar uma pessoa

Estou despedaçada, humilhada, sem chão. Quero tirar esse peso da consciência. Alguém terá que me compreender.

Só não me diga que vai ficar tudo bem. Esse é o pior jeito de consolar uma pessoa. Me fale que eu cai. Me fale que fiz algo muito errado. Me xingue. Me faça sofrer ainda mais. Faça a minha culpa crescer até explodir. Me dê patadas. Fortes, de preferência. Só assim, arranjarei forças para me reerguer.

Nada vai ficar bem enquanto você disser que tudo vai ficar bem.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Perdida

Eu estava no controle. Ou pensava que estava. Eu tinha tanta confiança, que poderia sair gritando para céus e terras ouvirem: "Oi, estou no topo do mundo. Posso ver todos vocês daqui de cima. Venham e juntem-se a mim!".

Mas eu cai. Absurdamente. De uma hora para a outra.

Senti o gosto azedo da perda da auto-estima. Senti a garganta doer. Senti a culpa me apunhalar o peito. Senti frio, muito frio. Senti solidão. Senti o nada. Senti meus fantasmas se rebelarem contra mim. Senti tudo escurecer.

A tempestade invadiu meu céu ensolarado.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Stop.

Eu saio de casa, vou ao cinema, escolho o filme, compro o ingresso.

Na fila, olho para o casal ao lado. Tão felizes que me dá inveja. Ela segura um grande saco da pipoca mais deliciosa do mundo. Ele leva dois refrigerantes nas mãos. Tenho certeza de que terão uma noite maravilhosa.

Não tenho acompanhante, nem comida, mas quero ter a felicidade.

Olho para a fila da pipoca. Pequena. Tentadora. Preços bons. Chicletes, refrigerante, mentos, pastilha, chocolate. A vontade cresce. A boca saliva. A língua quase sente o gosto. O estômago se prepara para a digestão.

Mas algo dentro de mim diz Stop. Não posso.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Imaginário

Eu quero abrir a janela e respirar o mar salgado. O vento irá bagunçar o meu cabelo, e o barulho das ondas penetrará meus ouvidos. Depois me sentirei livre para sair e correr entre as flores da fazenda. Não precisarei me preocupar com as cobras: acho que ainda não estou fora da cidade.

Armarei uma rede com vista exclusiva para as montanhas banhadas em neve. Não fará frio. Então me deitarei para cochilar, e em pouco tempo não será mais possível diferenciar a realidade da imaginação.

Eu vou sentar sob a árvore mais alta do mundo, vou correr até o Japão, vou deixar pegadas na areia, vou rir, vou chorar de alegria, vou pular de um penhasco. Vou voar.

E, por último, vou descobrir que não vale a pena viver no mundo dos sonhos.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Inimiga invisível

Eu decido que vou ser saudável. Pego a lista telefônica para procurar o número de alguma academia aqui perto. Chega de sedentarismo. Depois, analiso o cardápio da reeducação alimentar que a nutricionista preparou há uma ano, quando eu estava no auge da minha doença.

Digo a mim mesma que estou fazendo a coisa certa e que vou ser feliz, bonita, viva.

Mas a minha inimiga invisível consegue me convencer de que ser saudável é uma perda de tempo. Ela sussurra que serei gorda para sempre se eu parar de recorrer a ela, porque tenho tendência a isso.

Em um gesto quase solidário, ela vem até mim e me acolhe em um entusiasmado (mas frio) abraço, dizendo que me perdoa mesmo depois de eu ter tentado abandoná-la. Ela é a pior inimiga que alguém poderia ter, porque finge que é a melhor amiga.


Eu choro, ela não liga.

No fundo, sou apenas uma criança mal-crescida que precisa de ajuda.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Pessimismo

O telefone toca às 3 horas da manhã. Acordo de súbito e prendo a respiração, meio incrédula. Acredito em ditados populares, e por isso sei que notícias ruins só chegam de madrugada. Abro os olhos, mas meu gesto não faz diferença alguma.

Cenas horríveis tomam conta da minha cabeça. Será que aconteceu algo com a minha avó, que já está muito velha? Ou meu tio enfermo teve uma piora sinistra?

E agora? Atendo, ou deixo que outra pessoa faça tal serviço doloroso?

Sou covarde e acabo escolhendo a segunda opção. Uma voz interna me diz que se eu atender ficarei estupefata, horrorizada. Não. Hoje não quero um sentimento forte. Se for pra sentir algo ruim, que seja a minha habitual apatia. Pelo menos estou acostumada ao nada.

Alguém atende. Gritos. Era uma banalidade.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Carol em um momento Amèlie Poulain

Sou apaixonada pelas pessoas. Elas são tão diferentes umas das outras, e isso é tão fascinante... Gosto de observá-las, seus gestos, olhares, defeitos, complexidades. Gosto de estar perto delas e de fazer-lhes o bem, de ajudar-lhes a alcançar seus objetivos. E não escrevo isso para parecer boazinha; escrevo apenas a verdade.

Ligo muito para a vida das outras pessoas. Sinto uma felicidade imensa e inexplicável quando alguém está satisfeito. Principalmente (mas não unicamente), torço pelo bem dos que são mais próximos a mim.

Mas e a minha vida?

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Desabafo bulímico

Tudo começou bem antes daquele Janeiro em 2008 (quando meu quadro teve início), afinal, os especialistas dizem que a bulimia é causada pela junção de inúmeros fatores: Genética, criação, problemas familiares, baixa auto-estima, bla bla bla. Ou seja: eu já estava destinada a isso muito antes do sofrimento começar. Estranho pensar assim, não é?

Meu objetivo principal é não engordar. Claro que emagrecer seria fabuloso, mas primeiro tenho que me preocupar em fazer com que a comida não consiga me tornar um Shrek em 3D. Vá, pode chamar de fútil, excessivamente vaidosa, maluca, estúpida. Afinal, você não cursou psicologia e nem conhece a minha história, portanto tem muito direito de me julgar.

A mídia nos impõe padrões diversos. Dizer que você não segue nenhum deles seria o mesmo que mentir, tanto para os outros quanto para si mesmo, porque você está inserido em uma sociedade capitalista que visa o lucro e que aliena as pessoas para conseguí-lo. Não é uma questão de futilidade, mas sim de influência.

Quero ser magra. E você? Talvez deteste sua acne, odeie seus peitos, queira ter mais músculos, se preocupe se a roupa tá boa pra a ocasião, e, porque não, é doido pra ir no show daquele mocinho que mesmo sendo desconhecido consegue influenciar seus seguidores. Olhe pra você antes de chamar uma bulímica ou anoréxica de fútil. Tenho certeza de que você não é o fundador de uma sociedade alternativa que vive isolado de tudo e todos.

Nunca fui magra: Eu era a criança gordinha que parecia uma grávida mini. Os velhos elogiavam porque acham crianças gordas bonitas. E os novos riam. Não eram risadas inocentes, muito pelo contrário: chegava a ser cruel. Você já se sentiu humilhado ao ver um sorriso brotar no rosto de alguém? Eu já. E não é bom.

Daí vem aqueles famosos prolemas familiares que são fundamentais para desenvolver problemas psicológicos: Pai violento brigando no trânsito e ameaçando a esposa de morte. Mãe deprimida, sem saber o que fazer para esconder toda a sua infelicidade da criança que reconhece seus esforços, embora ela própria ainda não saiba que reconheça.

Para esquecer isso tudo, a menina vai brincar de Barbie. Aahh... A Santa Barbie! A mulher feliz e perfeita que vive em um mundo de pais não-violentos e mães alegrinhas. Ela é magra, alta e estilosa. Parabéns pelo golpe de mestre, indústria cultural! As crianças, ao se refugiarem com um brinquedo que possui aquela imagem, são induzidas a quererem tê-la em seus próprios corpos.

Meu apelo para evitar casos como o meu é simples: Nunca chame ninguém de gorda, muito menos pré-adolescentes e crianças (as criaturas mais vulneráveis da face da terra). Não faça isso nem de brincadeira. Nem que seja para elogiar. Nem que seja para insultar aquela menina que vai passando na esquina e que você não conhece (porque fica na cabeça de quem ouviu a maldade). E se você conhece uma pessoa que tem transtorno alimentar, não fique criticando, porque nós já sofremos muito sem ter que ouvir xingamentos. Acoselhe-a a procurar ajuda profissional e fale com os pais da garota.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

"Meu Deus,

me dá cinco anos, me dá a mão, me cura de ser grande." Adélia Prado

domingo, 11 de abril de 2010

Sem título, é

Ninguém me conhece de verdade. Lá fora eu sou muito diferente: pareço feliz, animada, despreocupada com a vida. Fico solta, rio de bobagens e faço bobagens que fazem os outros rirem.

Quem gosta de mim, na verdade, gosta da minha falsa imagem.

Quando estou sozinha a máscara cai, junto com as lágrimas. E chega uma hora que nem os comprimidos fazem mais efeito... Então eu rezo para voltar logo ao convívio social e fingir que sou feliz, porque quando finjo sou tão verdadeira que chego a realmente me sentir feliz.

Só queria me entender. Comofas?

segunda-feira, 22 de março de 2010

Decida-se

Quando estou triste, minha mãe vem toda meiga me acalentar. Ela diz coisas bonitas e menciona que vai "cuidar muito bem de mim", que não vai mais me deixar tão solta.

No começo fica tudo ok: me pede o boletim, pergunta como foi a aula, checa quando vai ter prova, policia minhas refeições... Mas depois de um mês eu chego chorando em casa e ela não quer nem saber o que aconteceu. Apenas continua lá, no computador, jogando freecell ou paciência ou whatever.

Após uma semana, ela vem se preocupar de novo com o que diz respeito à mim.

Queria apenas entender a mente da minha mãe.

sábado, 13 de março de 2010

Que seja simples

A simplicidade me fascina. Gosto de colocar o rosto para fora da janela do quarto, e de sentir o vento balançando meu cabelo. Observo as pessoas e os pássaros. Árvores, flores, cogumelos, latidos, sussurros de "bom dia", vizinhos tomando o café-da-manhã. Sinto que tudo está certo lá fora. Lá fora.

Talvez a simplicidade me pareça tão mágica porque ela não existe dentro de mim. Sou mais complexa do que deveria. Meus amigos costumam me classificar como uma pessoa "instável", já que às vezes estou hiperativa, e às vezes despedaçada. Talvez, no fundo, eu seja apenas louca. Louca porque não me importo com o que todos se importam, e porque idolatro o que ninguém vê.

Não sei se ser esquisita assim é fraqueza ou força. Mas eu definitivamente não me sinto forte.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Às vezes

Fico tão estupidamente apática que esqueço o que são sentimentos.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Quem eu sou?

Ah, essa é a grande charada." Lewis Carroll

terça-feira, 2 de março de 2010

Roubaram minha chave

Hoje voltei da escola e notei que a chave do meu quarto não estava mais encaixada à fechadura, como eu sempre deixo. Me senti péssima. Tive vontade de gritar com o mundo e de fazer greve de fome até que me levassem ao hospital por desnutrição. Ou melhor, até que devolvessem a minha chave.

Pode parecer estranho, mas eu sou tão ridiculamente apegada ao meu casulo que não consigo me sentir à vontade quando não estou trancada aqui dentro. Meu quarto é como minha alma: é o lugar onde passo a maior parte do tempo, é o lugar onde faço minhas reflexões e decisões importantes, é o lugar onde converso comigo mesma. É o lugar onde posso ser eu.

Mas agora não tenho a minha chave. Comolidar?

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Finalmente

Chegou a sexta-feira.
Pode até ser inútil da minha parte - afinal, vou prestar vestibular esse ano - mas devo dizer que não há nada mais chato e cansativo do que uma semana de estudos.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Abstrato

Acredito que uma das piores coisas do mundo é não conseguir se expressar. Isso acontece comigo desde que me entendo por gente, o que me leva a achar que, talvez, eu pense diferente do resto das pessoas. Já aconteceu inúmeras vezes: invento de abrir minha boca e um debate se inicia. Um debate no qual eu estou "defendendo" um princípio que não é o meu.

Desisti de conversar sobre certos assuntos, porque sei que as pessoas não me entenderão. Por mais que eu tente explicar o meu ponto de vista, serei mal sucedida e todos farão questão de atirar pedras. Por isso, tentei começar a me expressar sozinha. Mas também não deu certo.

Comecei com textos escritos em um pequeno caderno de papel reciclado, que chamo de diário. Não funcionou porque minhas indagações simplesmente se recusam a metamorfosearem em palavras. Não sei desenhar, por isso a pintura está fora de questão. Não toco nenhum instrumento, nem sei trabalhar com barro.

E é por isso que voltamos à linha inicial dessa postagem. Definitivamente, uma das piores coisas do mundo é ter que enjaular sentimentos que anseiam pela liberdade.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Ana e o Mar

E lá estava Ana novamente, em sua impecável rotina: Sempre ia sentar-se à beira do mar, logo cedo, todos os dias pela manhã. Seu hábito fazia com que ela sentisse menos a tristeza avassaladora que o mundo escondia em cada uma de suas frestas. Mas Ana sempre as encontrava. Esse era o problema. A melancolia sabia se esconder de todos, mas não era párea para o olhar astuto daquela jovem.

A pequena Ana estava completando quinze anos de idade naquele dia. Não quis festa nem presentes; sabia que não os merecia. E além disso, não havia motivos para alimentar a falsidade das pessoas ao fazê-las fingir que importavam-se com algo tão banal. Ela já estava acostumada à solidão, então para quê tentar mudar?

O mar era a única coisa que tinha coragem de gostar de Ana; ou melhor: de amá-la. Ela sabia disso. Sempre soubera. Às vezes desejava ser uma lagoa. Se fosse, seria muito mais viável que aquela história de amor se concretizasse. Mas não passava de uma menina; pequena, frágil e leve como uma borboleta.

Ana deitou-se à beira do mar, que começou a massagear seus pés de neve. Ela podia ouvi-lo sussurrando palavras engraçadas de esperança, o que a fazia sorrir. Só ele a fazia sorrir daquele jeito despreocupado. Toda a sua timidez dissipava-se.

O mar, talvez, fosse o único lugar onde não houvesse as frestinhas dentro das quais a tristeza gostava de se esconder. E era provavelmente por tal motivo que Ana se sentia tão bem ao estar em sua presença.

Naquele dia, ela finalmente se entregaria completamente ao seu amado.

Enfiou a mão no bolso do vestido azul de algodão, de onde tirou várias bolinhas brancas. Em seguida, entrou na água o mais lentamente que pôde, aproveitando o momento. Nadou despreocupadamente até não conseguir mais encontrar chão sob os pés. Depois, mergulhou por completo, segurando firmemente os comprimidos na mão fechada.

Era chegada a hora. O amor da sua morte a queria, e ela iria doar-se a ele.

Colocou um comprimido na boca e mergulhou a cabeça ruiva, à fim de sugar um pouco de água salgada para lhe ajudar a engolir. Repetiu o ato várias vezes, até as bolinhas acabarem.

Sentiu uma paz que nunca havia sentido antes. Abriu os braços para o céu, respirou fundo. Sorriu. Começou a girar em torno de si mesma, imaginando-se em um carrossel de parque de diversão. Se aquilo era morrer, então a morte era a melhor coisa que já experimentara. Melhor do que as drogas, e até melhor do que emagrecer.

Ana brincou sozinha. Hora fingia ser um peixe, hora uma sereia. Após certo tempo ela desistiu da atitude infantil e começou a dialogar com o amado. Proferiu palavras bonitas, e jurou a ele que seria sua para sempre. O mar, radiante de felicidade, respondia com suaves ondas brincalhonas.