sexta-feira, 23 de abril de 2010

Desabafo bulímico

Tudo começou bem antes daquele Janeiro em 2008 (quando meu quadro teve início), afinal, os especialistas dizem que a bulimia é causada pela junção de inúmeros fatores: Genética, criação, problemas familiares, baixa auto-estima, bla bla bla. Ou seja: eu já estava destinada a isso muito antes do sofrimento começar. Estranho pensar assim, não é?

Meu objetivo principal é não engordar. Claro que emagrecer seria fabuloso, mas primeiro tenho que me preocupar em fazer com que a comida não consiga me tornar um Shrek em 3D. Vá, pode chamar de fútil, excessivamente vaidosa, maluca, estúpida. Afinal, você não cursou psicologia e nem conhece a minha história, portanto tem muito direito de me julgar.

A mídia nos impõe padrões diversos. Dizer que você não segue nenhum deles seria o mesmo que mentir, tanto para os outros quanto para si mesmo, porque você está inserido em uma sociedade capitalista que visa o lucro e que aliena as pessoas para conseguí-lo. Não é uma questão de futilidade, mas sim de influência.

Quero ser magra. E você? Talvez deteste sua acne, odeie seus peitos, queira ter mais músculos, se preocupe se a roupa tá boa pra a ocasião, e, porque não, é doido pra ir no show daquele mocinho que mesmo sendo desconhecido consegue influenciar seus seguidores. Olhe pra você antes de chamar uma bulímica ou anoréxica de fútil. Tenho certeza de que você não é o fundador de uma sociedade alternativa que vive isolado de tudo e todos.

Nunca fui magra: Eu era a criança gordinha que parecia uma grávida mini. Os velhos elogiavam porque acham crianças gordas bonitas. E os novos riam. Não eram risadas inocentes, muito pelo contrário: chegava a ser cruel. Você já se sentiu humilhado ao ver um sorriso brotar no rosto de alguém? Eu já. E não é bom.

Daí vem aqueles famosos prolemas familiares que são fundamentais para desenvolver problemas psicológicos: Pai violento brigando no trânsito e ameaçando a esposa de morte. Mãe deprimida, sem saber o que fazer para esconder toda a sua infelicidade da criança que reconhece seus esforços, embora ela própria ainda não saiba que reconheça.

Para esquecer isso tudo, a menina vai brincar de Barbie. Aahh... A Santa Barbie! A mulher feliz e perfeita que vive em um mundo de pais não-violentos e mães alegrinhas. Ela é magra, alta e estilosa. Parabéns pelo golpe de mestre, indústria cultural! As crianças, ao se refugiarem com um brinquedo que possui aquela imagem, são induzidas a quererem tê-la em seus próprios corpos.

Meu apelo para evitar casos como o meu é simples: Nunca chame ninguém de gorda, muito menos pré-adolescentes e crianças (as criaturas mais vulneráveis da face da terra). Não faça isso nem de brincadeira. Nem que seja para elogiar. Nem que seja para insultar aquela menina que vai passando na esquina e que você não conhece (porque fica na cabeça de quem ouviu a maldade). E se você conhece uma pessoa que tem transtorno alimentar, não fique criticando, porque nós já sofremos muito sem ter que ouvir xingamentos. Acoselhe-a a procurar ajuda profissional e fale com os pais da garota.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

"Meu Deus,

me dá cinco anos, me dá a mão, me cura de ser grande." Adélia Prado

domingo, 11 de abril de 2010

Sem título, é

Ninguém me conhece de verdade. Lá fora eu sou muito diferente: pareço feliz, animada, despreocupada com a vida. Fico solta, rio de bobagens e faço bobagens que fazem os outros rirem.

Quem gosta de mim, na verdade, gosta da minha falsa imagem.

Quando estou sozinha a máscara cai, junto com as lágrimas. E chega uma hora que nem os comprimidos fazem mais efeito... Então eu rezo para voltar logo ao convívio social e fingir que sou feliz, porque quando finjo sou tão verdadeira que chego a realmente me sentir feliz.

Só queria me entender. Comofas?