quarta-feira, 23 de junho de 2010

Inimiga invisível

Eu decido que vou ser saudável. Pego a lista telefônica para procurar o número de alguma academia aqui perto. Chega de sedentarismo. Depois, analiso o cardápio da reeducação alimentar que a nutricionista preparou há uma ano, quando eu estava no auge da minha doença.

Digo a mim mesma que estou fazendo a coisa certa e que vou ser feliz, bonita, viva.

Mas a minha inimiga invisível consegue me convencer de que ser saudável é uma perda de tempo. Ela sussurra que serei gorda para sempre se eu parar de recorrer a ela, porque tenho tendência a isso.

Em um gesto quase solidário, ela vem até mim e me acolhe em um entusiasmado (mas frio) abraço, dizendo que me perdoa mesmo depois de eu ter tentado abandoná-la. Ela é a pior inimiga que alguém poderia ter, porque finge que é a melhor amiga.


Eu choro, ela não liga.

No fundo, sou apenas uma criança mal-crescida que precisa de ajuda.

2 comentários:

  1. Ei, eu gostei muito do seu texto. Seus textos são curtos, e me convencem de que esse é um sentimento verdadeiro e nem um pouco clichê.
    A verdade, é que o mundo é pesado demais, difícil demais, complicado demais. O mundo esmaga nossas almas... Seu texto me lembrou um trecho de uma canção que gosto muito: "we're not that strong, my lord/ You know, we ain't that strog..."

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  2. Carol, eu consigo te enxergar, tão transparente.

    Vai ser feliz, vai? :D

    Beijo.

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